conversadetravesseiro

segunda-feira, agosto 23, 2010

Rumo a Santiago

Ser peregrino é também uma forma de viajar ao interior de nós mesmos.
Tentar deixar as cargas é bem mais difícil do que parecia quando pensava no assunto.
A verdade é que tenho coisas a mais, e confiança a menos. Sou demasiado previdente. Começo a questionar: e se faz falta isto, e se..., e se...
Quanto mais leve a carga, melhor se faz o caminho. Por isso, deixarei para trás tudo o que pesa.
Viverei apenas a aventura de cada dia. De conhecer e compreender cada pessoa, de admirar cada paisagem e de me deixar surpreender pela vida.
Estou ansiosa, não consigo evitar alguns receios, próprios de quem vai enfrentar o desconhecido. Mas principalmente, estou contente por ter a oportunidade de mais esta aventura.

quinta-feira, agosto 12, 2010

ÀS VEZES O AMOR

-Que hei-de eu fazer
eu tão nova e desamparada
quando o amor
me entra de repente
pela porta da frente
e fica a porta escancarada?

-Vou-te dizer
a luz começou em frestas
se fores a ver
enquanto assim durares
se fores amada e amares
dirás sempre palavras destas:

-P'ra te ter
e p'ra que de mim
não te zangues
eu vou-te dar
a pele do meu cetim
coração carmesim
as carnes e com elas sangues

Às vezes o amor
no calendário
noutro mês é dor
é cego e surdo e mudo
o dia é tão diário
disso tudo

-E se um dia a razão
fria e negra do destino
deitar mão
à porta à luz aberta
que te deixa liberta
e do pássaro se ouça o trino:

-Por te querer
vou abrir em mim
dois espaços
p'ra te dar
enredo ao folhetim
a flor ao teu jardim
as pernas e com elas braços

Às vezes o amor(...)

-Mas se tudo tem fim
porquê dar ao amor guarida?
Mesmo assim
dá princípio ao começo
se morreres só te peço:
da morte volta sempre em vida
da morte volta sempre em vida

Às Vezes o Amor - Sérgio Godinho

só para saborear!