Comboio noturno para Lisboa
« Podemos descrever o medo da morte como o medo de não termos podido ser quem planeamos...»
« Podemos descrever o medo da morte como o medo de não termos podido ser quem planeamos...»
Está vazio o meu abraço
Não tem corpo nem calor
É doloroso, ácido e amargo como a dor
De ninguém a desejar
De ninguém ligado a si
Vazio como o silêncio
Da minha alma a gritar
Por teimar querer o sonho e a ilusão alcançar
Por viver o desvario
A noite a desinquietar
Sinto-me sufocada. Como se um rio de lágrimas estivesse pronto a inundar-me, mas o lenço está enxuto.
Não consigo chorar, nem respirar. Doem-me as palavras.
Oxalá, amanhã volte o sol.
Uma fotografia veio abrir a caixa de Pandora. Sonhos por cumprir, há muito abafados pelo tempo, reclamam o seu lugar. Donde vem tudo isto? Pensei estar a salvo, segura das minhas escolhas e convicções.
Por momentos não sei quem sou, sinto-me perdida. O meu coração está agitado como um barco na tempestade. Temo perder o pé.
Procuro a serenidade na música. Escuto a beleza e lentamente o meu coração se aquieta.
Termino o dia com um sentimento de gratidão.
Todos os dias tenho motivos para estar grata, mas nem sempre o sinto tão profundamente.
Hoje sinto-me grata! Este é um sentimento próximo da felicidade!
Grata pela vida, pelo trabalho, pelas pessoas, pela saúde, pela paz. Estou tranquila e descansada.
Amanhã poderá vir alguma tempestade, mas hoje estou a saborear um fim de dia ameno e por isso deixo-me inundar de gratidão.
Gosto do teu olhar atento. Do olhar de espanto com que olhas todas as coisas, como se fossem novas e únicas.
Vejo nos teus olhos, o brilho da descoberta e a emoção do futuro.
Gosto do teu olhar. Olhar de criança que se rende à beleza. Simples. Límpido. Doce.
Olhar que abraça, mas não prende. Que promete, que sonha.
Queira Deus que o nosso olhar se encontre.
Também já não sou quem fui, mas mora ainda em mim a outra.