conversadetravesseiro

terça-feira, junho 16, 2009

Noite de Santo António

As coisas mais maravilhosas acontecem quando menos as espero. E foi assim na noite de Santo António.

Já nem me parece real, tenho medo de ter imaginado tudo!
A noite estava amena, tinha combinado jantar com amigos. Conversávamos, recordávamos, ríamos. Por instantes senti uma energia que me captou o olhar. Estavas parado a olhar-me fixamente. Devem ter sido alguns segundos, mas pareceu-me que o tempo tinha parado. Não queria acreditar! Passaram vinte anos e voltei a sentir a alegria dos teus olhos nos meus. Revivi nesse instante todos os nossos momentos. Igualmente fugazes, igualmente intensos. Quando me esperavas junto das escadas para um último sorriso, até ao próximo intervalo, quando esperava ver passar a camioneta na esperança de mais um olhar. Lembrei-me dos poemas, das cartas. «Felicidade é... pensar em novas formas de dizer quanto te adoro!...»Lembras-te?

Estavas acompanhado? Não vi. Pareceu-me que a Vila de repente ficou vazia. Não existia mais ninguém. Só eu e tu, e mil perguntas que não chegamos a fazer.
Vi-te afastar.
Agradeci a Deus o que me pareceu uma prenda maravilhosa.
Hoje sinto que foi uma migalha de amor.

Já não pensava em ti há muito tempo. Imaginava que estivesses diferente, mas continuas o mesmo menino que guardo no meu coração desde a primeira vez que te vi.